“A presença reconhecida de sua mãe completara-lhe a modificação benéfica. O
sofredor, como o náufrago desesperado atingindo porto amigo e reconfortante,
esquecera as palavras odientas e blasfemas de minutos antes e, conchegando-se
ao coração materno, rogava: - Minha mãe, o infortúnio colheu-me o espírito
desventurado!... não me abandones! Não me abandones!...” (André Luiz e Chico
Xavier. Obreiros da Vida Eterna, pág.109, 17ª edição, FEB.)
As atividades mediúnicas de cunho assistencial, especialmente aquelas voltadas
ao socorro dos espíritos obsessores reservam-nos surpresas incontáveis, haja
vista as iniciativas diversificadas em forma de auxílio provenientes do Mundo
Maior. No nosso modo de ver, a reunião consagrada ao mister da desobsessão,
reveste-se do máximo empenho fraternal, pois é o momento em que as forças do
Céu e da Terra se irmanam em luminoso consórcio, com a finalidade de aliviar o
sofrimento dos encarnados enfermos e dos espíritos em profundo estado de
perturbação. O mecanismo íntimo daquilo que se processa na espiritualidade, no
transcorrer de uma sessão assistencial mediúnica, evidencia-se de acordo com os
objetivos propostos pelos Mentores, tendo em vista o melhor aproveitamento das
circunstâncias em benefício do espírito assistido. Os obreiros mais afeiçoados
às reuniões práticas sabem que, em algumas situações, o obsessor se manifesta
seduzido pelo sentimento abastardado de vingança, em virtude das recordações
tormentosas que cultiva. Por vezes, é tão intenso o ódio nutrido contra o
desafeto encarnado, que ele mal consegue escutar os apelos evangélicos que lhe
são dirigidos e, em estado de desespero, desfia continuadamente um verdadeiro
rosário de lamúrias, entremeado de imprecações disparatadas, em virtude da
cristalização do pensamento no objetivo da vingança. Em outras ocasiões,
defrontamos entidades ardilosas e cruéis, a agirem como verdadeiras
hipnotizadoras das sombras. Satisfazem-se em atormentar a existência daqueles
mais vulneráveis às influências espirituais negativas. Costumam assumir
posturas supostamente relevantes. Ora apropriam-se do título de justiceiros,
ora autodenominam-se cientistas, utilizando as vítimas encarnadas como cobaias
de suas atrocidades. Mas, qualquer que seja o tipo de espírito agressor, a
desobsessão constitui-se um dos grandes desafios da prática espírita. Daí, a
necessidade do grupo mediúnico corresponder às premissas kardecianas
explicitadas em “O Livro dos Médiuns”. A caridade dispensada em reuniões
desobsessivas é tarefa de abnegação e desprendimento, a exigir dos tarefeiros
um bom nível de conhecimento doutrinário e uma vivência razoável no campo da
ética evangélica. Assim sendo, parece-nos imperioso nos situarmos à altura
daquilo que pretendemos alcançar, pois as tarefas mais complexas desveladas no
decorrer da terapia desobsessiva só serão consideradas exitosas desde que
contemos com o imprescindível concurso dos benfeitores espirituais. Não
obstante o emprego de inúmeras manobras magnéticas, a ilustrar o arsenal
terapêutico anti-obsessivo, especialmente as técnicas utilizadas pelos grupos
que adotam o mentomagnetismo aplicado, parece-nos oportuno relembrar o seguinte
alerta: acima da mais apurada técnica, situa-se o amor fraternal e, muito além
de nossas possibilidades volitivas, prevalece a vontade dos Mentores
Espirituais. Assim sendo, a título de troca de vivências doutrinárias,
comentaremos um fato relevante acontecido em uma das nossas reuniões mediúnicas
de caráter assistencial. Certa ocasião recebemos a visita de infeliz entidade,
irascível e odienta, que, há muito, atormentava um cidadão submisso, vítima de
enfermidade pertinaz de natureza puramente fluídica. Todavia, a dialética esclarecedora
intentada parecia ecoar distante de seus ouvidos. Portador de elevado grau de
insanidade, cristalizara o pensamento nos propósitos do revide, tornando-se
refratário aos apelos evangélicos que lhe formulávamos. Fizemos, então, alguns
segundos de silêncio e recolhemo-nos em prece, em sentida rogativa de auxílio
ao Pai Maior. Ao seu turno, a entidade deixou de vociferar, também silenciou
por um instante, como se estivesse pressentindo algo. Foi quando uma entidade
feminina de elevado padrão vibratório se aproximou de uma das médiuns e, por
meio da psicofonia, forneceu-nos a seguinte informação: “Querido irmão. Nós, as
mães dos filhos que atendes, junto com abnegados amigos, solicitamos a
condescendência obsequiosa de todos para com os nossos 'meninos'. Nossos
queridos filhos, ainda, carecem de uma melhor compreensão da vida. A paixão
abate seus corações, por vezes, inseguros, entretanto, tão intrépidos para
praticar atos de vandalismo despropositados. As correntes do bem se somam para
ajudar nossos 'pequeninos'. Oh, queridos amigos! Manifestamos um grande amor
fraternal por todo o grupo de vocês, tanto os que estão no corpo físico, quanto
aqueles que compartilham conosco o Mundo Espiritual. Somos agradecidas pelo
amor que o grupo demonstra no atendimento aos nossos filhos enfermos. Há
tempos, juntamo-nos aqui na espiritualidade, para colaborar com a atividade
renovadora do Cristo. Organizamos, então, uma “Comunidade Cristã das Mães
Consoladoras”. Tentamos, por nossa feita, contribuir com as equipes socorristas
e passamos a trabalhar, principalmente, na localização das mães de espíritos
necessitados de esclarecimentos. Quando localizamos a mãezinha de um desses
enfermos, a trazemos para a nossa comunidade, onde trocamos experiências,
ministramos aulas e oficinas, tudo feito com o objetivo de infundir o
equilíbrio interior das mães, para que, em momento oportuno, elas possam
acolher os filhos queridos e resgatá-los para as fileiras do Cristo.
Sentimo-nos extremamente agradecidas e edificadas quando recebemos, em nossos
colos, um filho transviado e carente de afeto. Que Jesus abençoe os grupos
desobsessivos que exercitam a técnica abençoada do mentomagnetismo aplicado e
que viabilizam uma melhor acolhida dos nossos filhos. Eles se restauram mais
rapidamente, logo no decorrer do atendimento e são protegidos dos ataques
daqueles que se manisfestam contrários a sua edificação. Paz, queridos irmãos.
Que Deus ilumine cada vez mais os vossos corações.” Em sequência, os médiuns
identificaram a aproximação de outra entidade feminina. Pela maneira carinhosa
como envolveu o obsessor, compreendemos tratar-se de sua genitora. A emoção
externada pelo significativo encontro permitiu ao enfermo espiritual aceitar o
socorro antes rejeitado. O fato é que, desde então, passamos a contar, sempre
que possível, com o concurso dessa falange bendita, a facilitar-nos a abençoada
tarefa de reconquistar para o Cristo os espíritos obstinados no mal. Os
lidadores da mediunidade nas instituições espíritas sabem por experiência
própria que, vez por outra, ocorre a presença de um familiar desencarnado,
disposto a auxiliar na tarefa de esclarecimento evangélico dispensado ao
espírito decaído. Todavia, a nossa satisfação se ampliou ao sabermos da
existência, no Mundo Maior, de uma verdadeira falange de mãezinhas organizadas
e esperançosas, aptas a cooperarem mais diretamente na recuperação de seus
filhos queridos. Ninguém duvida da poderosa força que se constitui o amor
maternal. Quando encarnada, a personagem feminina é aquela que se preocupa e vela
pela saúde e educação dos seus rebentos. Capaz de qualquer sacrifício, enfrenta
com coragem e muita renúncia os inúmeros desafios da existência, tendo em vista
o bem estar de cada filho. Desencarnada, permanece atenta às necessidades
daqueles que se rebelaram contra a harmonia divina, pleiteando junto ao Pai
Celestial a intercessão benfazeja dos espíritos superiores. Não é difícil
constatar tal realidade. A propósito, lembramos a participação heróica do
espírito de Ernestina em favor do desventurado Domênico, conforme assinala
André Luiz em “Obreiros da Vida Eterna” (FEB). Recordamos, também, o encontro
caloroso e emocionante entre os espíritos da nobre Matilde e do rebelde
Gregório, autêntico agente das sombras, que, no entanto, dobrou-se vencido ao chamamento
amorável de sua querida mãezinha, conforme relata o respeitável repórter do
mundo espiritual, em “Libertação” (FEB). Que poder de persuasão é esse, capaz
de iluminar os corações empedernidos, restaurar as mentes degeneradas e
infundir o arrependimento nos que se perderam pelos desvãos da vida? A
explicação encontra-se no sentimento superior, expandido dos corações
maternais. É incontável o número de entidades afetuosas, a exemplo de Matilde e
Ernestina, que se aproximam dos gabinetes mediúnicos e, plenas de esperanças,
empenham-se no resgate dos seus “pequeninos” infelizes. Por conseguinte, a
nossa vivência em campo experimental mediúnico permitiu-nos as seguintes
observações: As integrantes da falange das mães consoladoras não se propõem a
substituir o esforço da dialética evangélica com os obsessores. Elas apenas
aguardam o momento propício de atuação. Pode acontecer que o obsessor, em face
da alienação mental que o acomete, só desperte do pesadelo ao captar, com mais
intensidade, as vibrações maternais em sua proximidade. Por isso, na condição
de esclarecedores responsáveis, quando possível, busquemos o concurso de uma
integrante dessa falange honorável, recepcionando-a com respeito e gratidão,
porquanto, na condição de benfeitora espiritual, ela mostrar-se-á apta a
resgatar, por meio do amor supremo, o filho querido estagiário das sombras.
Cremos que, por misericórdia divina, as forças benéficas do Céu e da Terra,
neste momento grave de transição planetária, encontram-se firmemente unidas,
com a finalidade de propiciar o resgate do maior número possível de irmãos
desencarnados, necessitados de nosso concurso fraterno.