19 de agosto de 2013

TRIBUTO A UMA MULHER DE FÉ: Walmira Campos Saraiva Costa. Homenagem ao dia de hoje, o seu aniversário!


                                   Maryneves Saraiva de Arêa Leão Costa
(Maryneves Saraiva de Arêa Leão Costa
Historiadora, Professora da UFPI,
Acadêmica da ALLCHE, Formação em Biopsicologia e
(Facilitadora da Oficina Corpo Mente e Emoção.)

Da pequenina Cidade que compõe a região norte do Estado do Piauí, Cidade que se destacou no tempo pelas vastas fazendas de gado, sendo que um dos proprietários em 1838 mandou construir uma Capela dedicada a Nossa Senhora dos Humildes, falo de Alto-Longá, também conhecida como a terra do rio longa, rio gameleira, dos canudos, do Frei Pedro, do Canabrava, do mulato e da campeira, a 80 km da Capital. Terra berço de Walmira Humildes Campos Saraiva. A minha proposta neste artigo, é articular fragmentos da sua vida e tentar fazer uma conexão com uma postura de fé. 
Falo neste artigo de Walmira Humildes Campos Saraiva, filha do comerciante e também homem público, Cantídio Saraiva de Siqueira e Maria Humildes Campos Saraiva, ela, nascida em 19 de agosto de 1930 na Cidade de Alto-Longá, a época Distrito Judiciário da Comarca de Altos – Piauí. Do seu registro de nascimento colhia as seguintes informações:  registrada, por João Batista Loureiro, Oficial do Registro Civil da referida  Cidade, registrada por seu Pai, o  Coronel Cantídio Saraiva de Siqueira, acompanhado das testemunhas Antonio da Mata Oliveira e Lucio Pereira Sena. Seus avós paternos Capitão Silvestre Saraiva de Siqueira e Raimunda Rosa da Silva, da linhagem materna, Capitão Raimundo Campos de Moraes Condurú, e Jovina de Moraes Campos.
Dos fatos que mais marcaram sua vida podemos destacar em 1938 o falecimento  do seu pai quando ainda muito criança, e que tanta falta lhe fez. Cresceu acompanhada do carinho e orientação segura de sua mãe, carinhosamente conhecida na cidade como Marica Saraiva.  Dos desafios a serem enfrentados, como continuar os seus estudos? Como mãe abnegada, Marica Saraiva busca a Capital do Estado, Teresina,  o Colégio da Irmãs e o apoio dos tios, dentre eles: Maria Guadalupe e Abdoral. Neste convívio surgiram o fortalecimento dos vínculos familiares da menina jovem com as primas Marlene, Tereza, Lurdinha, Antonio Carlos, Auridéia, José Moacir e Nailda.  A menina cresce e com ela o desejo de ascender intelectualmente e profissionalmente. Das suas anotações retirei pérolas espirituais quando ainda estava com 16 anos, pois os registros são de 1946, a época estudante do Ginásio Sagrado Coração de Jesus 4ª série. Vejamos o que encontrei: orações contidas em  sua caderneta escolar, dentre elas: Oração ao Anjo da Guarda: “Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou à piedade Divina, sempre me rege e me guarde, governa e ilumina. Amém.” Oração ao Espírito Santo: “Ó Espirito Santo, espírito de Amor e de Verdade, autor da santificação das nossas almas, eu vós adoro como princípio de minha felicidade eterna...”, À Santa Teresinha do menino Jesus: Ó Santa Teresinha do Menino Jesus, branca e mimosa flor de Jesus e Maria que embalsamastes o Carmelo e o mundo inteiro com o vosso suave perfeume... “Fazei-nos simples e dóceis, humildes e confiantes para com o nosso Pai do Céu...”
Ainda deste precioso documento  encontrei o registro do poema ‘Orgulhosa’ de Gonçalves Dias. Cresci escutando os seus versos através de sua voz firme. E relembro trechos: “Deixa-te disso criança, deixa de orgulho e sossega, olha que o mundo é um oceano onde o acaso navega, hoje sustentas nas salas as tuas pomposas galas, os teus brasões de rainha, amanhã talvez quem sabe, esse teu orgulho se acabe, seja-te a sorte mesquinha...”
Possuía como metodologia de aprendizagem própria um convívio muito direto com o dicionário. Encontrei em suas anotações palavras e palavras, e seus respectivos significados. Aqui faço alguns registros do que encontrei: “Solícito: cuidadoso, ativo, inquieto e delicado. Eloqüência: a arte de bem falar. Relíquias: antiguidade. Dadivoso: amigo de dar. Avante: triunfante jubiloso. Impávido: destemido, que não tem pavor. Dentre tantas outras.
 Da  sua juventude em Teresina é comum os depoimentos destacando sua beleza, bondade, talento, dedicação, amizade e fé.  Ainda hoje escuto narrativas dos que a conheceram na sua fase juvenil, adulta e na  madureza.
Da juventude no colégio das Irmãs, o convívio da família de Maria Guadalupe e Abdoral, e filhos, com os tios Siqueira e Cynobilina Sampaio Siqueira, os pais de Aldenora e Floriza. A residência de Siqueira e Cynobilina marcam registros de acolhimento, amizade, respeito e admiração das partes. Moravam a Rua Coelho Rodrigues Nº 1203 no centro da Cidade em frente ao antigo palácio dos móveis, hoje, Pintos Magazine. Referencia de apoio e hospedagem a Walmira, Esposo e filhos quando ainda não possuíam residência fixa na Capital.
Quando em 02 de fevereiro de 1966 faleceu em Teresina a Senhora Cynobilina Sampaio de Siqueira, Walmira encaminhou uma mensagem que encontrei nas suas anotações de profundo afeto e gratidão referenciando Cynobilina ela assim narra: “Desde cedo me acostumei, a ter-lhe respeito, admiração e estima... Toda a sua vida de esposa e mãe foi um exemplo vivo de dedicação e desvelo. O lar constituía o centro de sua vida, pois nele estava o seu grande tesouro: o esposo e as suas duas filhas, a quem soube proporcionar um ambiente sempre sadio e agradável...”. Falava ela das virtudes de Cynobilina.
Seguindo por esse mesmo caminho Walmira também foi um exemplo vivo de esposa dedicada, mãe desvelada, funcionaria pública com um empenho inigualável, mulher pública com um jeito próprio de administrar combinada energia com a amorosidade, dedicada a vida religiosa de prática Católica, porém aberta ao diálogo com religiosos de todas as denominações, fundadora com um grupo de senhora da congregação da Doutrina Social Cristã de Nossa Senhora dos Humildes, compositora do Hino da Congregação, do Hino de Nossa Senhora dos Humildes, de canções dedicadas a Maria, a mãe de Jesus.
Mulher pública anfitriã dos pequenos, grandes eventos da cidade, dentre tantos destacamos a recepção ao Acerbisbo Dom Avelar Brandão Vilela, e toda a sua comitiva recepcionados em sua residência. Para o Evento compôs canções que foram cantadas por um coro de crianças saudando o Acerbisbo. A visita a cidade era em uma data festiva e marcante para o município, pois daquela data surgia o ginásio da CENEC Ginásio Rodrigues de Alencar, solicitação feita por uma jovem, cujo discurso foi elaborado pela senhora Walmira Saraiva, pronunciado por uma jovem da cidade, acolhido prontamente pelo Acerbisbo Dom Avelar. Segue trechos da canção dedicada à visita de Dom Avelar: “Dom Avelar bondoso guia, da Santa Igreja sois bom pastor...”.
Da congregação da Doutrina Social Cristã, fundadora e integrante até os últimos dias de sua existência na terra com o grupo de mulheres conterrâneas que aqui destacamos: Walmira Campos, Maria dos Humildes, Francisca Rosa, Consuelo Ibiapina, Iva Costa, Araci Oliveira, Dora Cabral, Lucilia Arêa Leão, Chaga Duarte, Adalgisa Campos, Osima Bacelar, Sônia Oliveira, Augusta Melquides, Nazaré Pereira, dentre tantas outras. O trabalho continua.
Na cidade a sua memória de mulher, de mãe e de cidadã, tem registros na vida da cidade, são inúmeros os afilhados, os compadres, comadres, amigos, os familiares, que lembram com muito carinho e gratidão o significado desta mulher de fé para a vida da sua família, dos familiares, dos amigos e da cidade.   
Uma vida vivida de forma autêntica deve ser sempre lembrada para que gerações futuras possam qualificá-la, valorizá-la, reconhecê-la e agradecer aos que se empenharam em dar o melhor de si para o bem coletivo.
É comum ouvir que somos seres substituíveis, o que em parte concordo, porém na História da humanidade, ninguém ainda conseguiu substituir Cristo, Ghandi, Madre Tereza, Irmã Dulce, Chico Xavier, exemplos de homens e mulheres que transcenderam à sua época, ao seu tempo. Exemplos de pessoas que tiveram uma existência autêntica e marcante.

Em particular, guardo com muito carinho e gratidão as suas palavras e orientações seguras marcadas pela fé e a confiança em Deus, no valor da amizade sincera, da união, do respeito, do reconhecimento, do valor do outro e o profundo espírito de solidariedade humana que a comunidade Longaense é testemunha.

 No depoimento de uma de suas netas Ticiana Arêa Leão diz “A minha avó Walmira foi e é um grande referencial para mim, sinto um verdadeiro marco quando da sua partida para o plano espiritual, nossa família sentiu e sente até hoje a sua ausência, ainda que seus ensinamentos sejam vivenciados, a sua ausência entre nós é sentida e dolorida, ela tinha como ninguém a capacidade de convergir os filhos, de amparar e alegrar os netos, de unir os familiares, de acalentar um necessitado e de sutilmente nos mostrar o caminho certo e nos manter firmes e unidos. Rogo a Deus que seus ensinamentos sejam sempre presentes e nos mantenham no caminho da fé e da união.

Todo carinho, amizade, dedicação, amor incondicional a família e ao próximo, dedicação desvelada aos festejos de Nossa Senhora dos Humildes e a noite dos Vaqueiros, por sua sensibilidade e lições de vida a nossa eterna gratidão.

           

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