Por Maryneves Saraiva de Arêa
Leão Costa
Chico Xavier, O Maior Brasileiro de Todos os Tempos.
“Se um dia um único homem atingir a mais elevada qualidade de amor, isso será o suficiente para neutralizar o ódio de milhões” (Gandhi)
Dos recantos do Nordeste
brasileiro, especialmente, do Piauí, acompanhamos na torcida, com
reconhecimento e gratidão, a disputa de Francisco Cândido Xavier, ao Título de
maior Brasileiro de todos os tempos. Nas terras do Brasil, Coração do
Mundo, Pátria do Evangelho.
O presente artigo apresenta-se
no contexto brasileiro, no qual a TV SBT lançou a campanha Maior
Brasileiro de Todos os Tempos. Dentre as diversas personalidades indicadas pelo
público, chegaram como finalistas da campanha, em 03 de outubro de 2012, três
fortíssimos candidatos: Chico Xavier, Princesa Isabel e Santos Dummond. O
público respondeu ao programa, indicando Francisco Cândido Xavier, mais
conhecido como Chico Xavier, o Maior Brasileiro de Todos os Tempos.
Buscaremos neste trabalho, apresentar fragmentos da história de vida
do detentor deste título, que teve como seu maior legado a vivência do
amor Divino, bem como, da sua parceria com Emmanuel, seu mentor espiritual.
No dia 02 de abril de 1910,
nasceu em Pedro Leopoldo (MG), Francisco Cândido Xavier, que também teve o nome
de Francisco de Paula Cândido. Filho de um casal simples: João Cândido, um
operário, e Maria de São João de Deus, uma operária e lavadeira (sua mãe
recebeu este nome devido ao Hospital São João de Deus que atendia os desvalidos
da sorte). Aos cinco anos, ficou órfão de mãe. Desde então, passou por muitas
dificuldades. Seu pai entregou alguns de seus nove filhos aos cuidados de
amigos e parentes. Chico Xavier, no período de 1915 a 1917, ficou aos cuidados
de sua madrinha, Rita de Cássia, uma mulher que não entendia a sua condição de
criança, tampouco a sua sensibilidade mediúnica. Passado algum tempo, o pai
casou-se novamente, com Dona Cidália Batista. Chico Xavier Iniciou seus estudos
apenas com nove anos de idade. Em 1923, concluiu o ensino primário e começou a
trabalhar numa fábrica. Em 1927, sua irmã, Maria da Conceição Xavier, ficou
doente (de natureza espiritual). Com tal fato, Chico Xavier iniciou nesse ano,
a sua atividade espiritual.
No tocante ao início de sua
Mediunidade, Chico Xavier disse: “Achava-me na reunião pública do “Centro
Espírita Luiz Gonzaga”, na noite de 8 de julho de 1927, em Pedro Leopoldo,
quando a médium Dona Carmem Pena Perácio avisou que um espírito amigo me
recomendava tomar o lápis junto ao papel que se achava sobre a mesa, a fim de
tentar a psicografia por meu intermédio. Obedeci ao conselho recebido e, de
imediato, um amigo espiritual escreveu dezessete páginas, usando a minha mão,
com grande surpresa de minha parte, conquanto registrasse fenômenos mediúnicos
em minha experiência pessoal desde a infância”. Quanto a este fato, é
interessante destacar, que ele era um jovem de 17 anos, psicografou dezessete
laudas, e o início de sua mediunidade se deu em 1927.
O Apostolo de Pedro Leopoldo e
Uberaba, em 1932 passou a receber as primeiras poesias de “Parnaso de Além –
Túmulo”, primeiro livro psicografado, publicado no mesmo ano, pela Federação
Espírita Brasileira. Em 5 de janeiro de 1959, mudou-se para Uberaba, região do
triângulo mineiro, sob a orientação dos Benfeitores Espirituais. Iniciou nessa
mesma data, as atividades mediúnicas em reunião pública da Comunhão Espírita
Cristã. Deu início à famosa peregrinação que fez da cidade de Uberaba um pólo
de atração de inúmeros visitantes das mais variadas regiões do Brasil, e até
mesmo do exterior, todos com o objetivo de conhecer o médium. Mesmo com a saúde
debilitada, Chico Xavier deu continuidade à sua condição de um autêntico
missionário do Cristo, continuou a comparecer às reuniões do Grupo Espírita da
Prece, que se fez um abrigo aos que choram aos que buscam a paz, o consolo e a
esperança de dias melhores.
Chico Xavier costumava realizar
trabalhos de caráter social para acalentar todos os que precisavam de ajuda.
Chegou ainda, a visitar o presídio Carandiru, em São Paulo, confortando os
reeducandos que ali se encontravam. Na ocasião, ele disse: “… lembremo-nos
de que Jesus também partiu deste mundo como um reeducando, na condição de um sentenciado.
Não é importante pensar em Jesus como um reeducando? Ainda que ele não tivesse
qualquer problema a ser superado, ele aceitou a condição de reeducando, como
qualquer um de nós na Terra, para que nós soubéssemos que aquilo não é o fim,
que nós estamos a caminhos de maiores experiências, que nós somos irmão uns dos
outros, pertencemos à família universal de Deus. Nenhum de nós está excluído do
esquema de Deus, não haverá morte para ninguém. Nós todos vivemos e nós todos
viveremos felizes, porque dentro desta vida infinita, haverá recursos para
todos”.
Da sua parceria com espírito
Emmanuel: Chico Xavier era um jovem de 20 anos, simples, puro e sincero, quando
o encontrou numa tarde tranquila de domingo, em Pedro Leopoldo, mais
precisamente no Ribeirão da Mata, conhecido também com Açude do Capão, no ano
de 1931. Emmanuel disse naquele momento ao seu tutelado: “Descansa!
Quando te sentires mais forte, pretendo colaborar igualmente na difusão da
Filosofia Espiritualista… Nossos espíritos encontram-se unidos pelos laços mais
santos da vida, e o sentimento efetivo que me impele no meu coração tem suas
raízes na noite profunda dos séculos…”.
Sucederam da companhia com o seu
mentor, que é também o coordenador de sua obra mediúnica aproximadamente 420
livros psicografados de autores diversos. Mesmo com uma obra tão vasta, é
importante dizer, que por algumas vezes, Chico Xavier achava que já tinha
completado a sua missão e pensava em por fim às suas atividades, no entanto,
segundo Emmanuel, a vida de Chico Xavier foi desapropriada a serviço da
divulgação dos princípios espíritas cristãos: “Estou na obrigação de dizer a
você que os mentores da Vida Superior, que nos orientam, expediram uma
instrução: ela determina que sua atual reencarnação seja desapropriada, em
benefício da divulgação dos princípios espírita-cristãos”.
Das obras psicografadas, dos
direitos autorais e das obras sociais podemos afirmar: Psicografou autores
nacionais e estrangeiros, abrangendo diversos setores da cultura humana, como
poesia, romances, filosofia, ciência e religião. Todas dedicadas às
instituições responsáveis pela divulgação da doutrina espírita e às obras
sociais espalhadas pelo Brasil a fora com uma total lição de desapego ou
apropriação dos frutos que ele sempre tributava aos amigos espirituais.
Chico Xavier tinha três pilares
em sua vida – mediunidade, atividade profissional e vida familiar – e foi desde
o início, comprometido com todos, sem descanso. O Peregrino à luz das estrelas
e médium conseguiu com maestria servir à causa; levar paz, conforto e carinho
aos lares; trabalhar na mediunidade psicográfica sem comprometer sua atividade
profissional.
Em 2010, foram várias as
homenagens do Centenário de Chico Xavier. Uma delas, ocorreu em Brasília, o III
congresso Espírita Brasileiro realizado no Centro de Convenções Ulysses
Guimarães, no período de 16 a 18 de abril, com o Tema Central: “Chico
Xavier: Mediunidade e Caridade com Jesus e Kardec”. O Evento aconteceu em
tom solene de cerimônia, com profunda harmonia e emoção. Os presentes,
aproximadamente cinco mil participantes de diversas nacionalidades,
encantaram-se com apresentações artisticas, palestras, lançamento de selo e da
medalha comemorativa do Centenário de Chico Xavier, poesias, conferências, arte
e exibição de um trailler do filme Nosso Lar, baseado na obra de André
Luiz. Foram realizadas, nas datas de 13 e 15 de abril, sessões nas Camaras dos
Deputados e no Senado Federal, que se desdobraram por vários Estados do Brasil,
inclusive o Piauí. Em outubro, Valência, na Espanha, sediou VI Congresso
Espírita Mundial, com o tema: “Somos espíritos imortais”. Constava na
programação do evento conferências que homenageavam Chico Xavier, com
referência às suas obras e ao seu exemplo de vida.
Chico Por ele mesmo
“A morte é a mudança completa de
casa sem mudança essencial da pessoa”.
“O bem que praticares, em algum
lugar, é teu advogado em toda parte”.
“Não cortes onde possas
desatar”.
“Em casa que muito cresce, o
amor desaparece”.
“Existem dois tipos de renúncia:
a renúncia produtiva, que gera o bem para os outros, e a renúncia vazia”.
“O Amor verdadeiro é ter e não
possuir”.
“Quem ama verdadeiramente quer a
felicidade da pessoa querida”.
“O Amor é uma força tão intensa
que, se não fosse controlada, seria avassaladora”.
“Digo-lhes que, como médium,
essa tarefa das cartas de consolação aos familiares em desespero na terra foi o
que sempre mais me gratificou.”
“ O Cristo não pediu muita
coisa, não exigiu que as pessoas escalassem o Everest ou fizessem grandes
sacrifícios. Ele só pediu que nos amássemos uns aos outros”
“A oração de mãe arrebenta as
portas do céu.”
” Ambiente limpo não é o mais se
limpa e sim, o que menos se suja”
“A gente pode morar numa casa
mais ou menos, numa rua mais ou menos, numa cidade mais ou menos, e até ter um
governo mais ou menos… O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito
nenhum… é amar mais ou menos, sonhar mais ou menos, ser amigo mais ou
menos, namorar mais ou menos, ter fé mais ou menos, e acreditar mais ou menos.
Senão a gente corre o risco de se tornar uma pessoa mais ou menos”.
Senão a gente corre o risco de se tornar uma pessoa mais ou menos”.
Concluímos que foi merecida a
homenagem de Maior Brasileiro de Todos os Tempos ao brasileiro considerado um
correio do céu, missionário do amor, apóstolo da mediunidade, servo do amor
divino, homem sábio, humilde, silencioso, firme com Jesus e que fez da sua
existência na terra um cântico de sensibilidade, amizade e amor incondicional.
Finalizamos com as palavras que
serviram de homenagem expressando o sentimento de todos os brasileiros e da
prefeitura de Uberaba no dia da sua desencarnação, 30 de junho de 2002: “Chico
você que sempre iluminou nossas vidas, estenderá agora sua luz ao universo”.
Nossa eterna gratidão ao Maior
Brasileiro de Todos os Tempos, Chico Xavier.
BIBLIOGRAFIA
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KARDEC, Allan- O livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. R.J: FEB, 2008
2-
GOMES, Saulo (org.) Pinga Fogo com Chico Xavier. Catanduva-SP: Intervidas,
2010.
3-
BACCELLI, Carlos A. 100 Anos de Chico Xavier, Fenômeno Humano e Mediúnico.
Uberaba, MG: Livraria Espírita Edições “Pedro e Paulo”, 2010.
4-
BACCELLI, Carlos A. A Sombra do Abacateiro, de 1980 a 1985.
5-
BACELLI, Carlos A. O Médium dos Pés Descalços. Belo Horizonte 2011. Ed. Vinha
de Luz.
6-
BRASIL, Coração do Mundo Pátria do Evangelho. Rio de Janeiro: FEB, 2008.
7-
HARLEY, Jhon. O Voo da Garça. Belo Horizonte. Ed. Vinha de Luz. 2010.
8-
GOMES, Saulo (org.) As mães de Chico Xavier. Ed.InterVidas. 2011
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